Qualidade de vida X espaço construído

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Desde a realidade que vivemos com a pandemia, mais do que nunca, olhar para nosso habitat é essencial.
Estamos muito acostumados a cuidar do corpo, entendendo que isso nos trará uma vida mais saudável e consequentemente mais longa. Para isso, passamos a entender melhor sobre alimentação, exercícios, adquirimos o hábito de fazer terapia, tomamos suplementos, aprendemos a meditar e um mundo de terapias “alternativas” surge, cada vez mais, para nos auxiliar nessa busca tão importante.
Mas e o ambiente que nos cerca? Será que damos a devida atenção a ele?
Não falo apenas de belos projetos de arquitetura e interiores. Claro que viver e trabalhar em lugares “bonitos” nos traz conforto e isso gera resultado positivo. Falo de ir além. Pensar em funcionalidade, estilo (e história!) de vida das pessoas, características específicas na rotina, nas memórias, valores e percepções. Tudo isso é muito peculiar e varia de indivíduo para indivíduo.
Muitas empresas já sacaram isso há muito tempo e investem em locais de trabalho mais sensoriais, estimulando nos funcionários um conforto que é percebido consciente e inconscientemente. Isso gera produtividade, foco e qualidade de vida – no trabalho.
Vários conceitos como Neuroarquitetura e Design Biofílico entre outros, surgiram durante esse processo de humanização dos espaços. Biomimética e Neurociência estão cada vez mais sendo utilizados no universo da arquitetura e design de interiores.
O Feng Shui, que é uma técnica milenar chinesa, por exemplo, já trabalhava esses conceitos.

Olhar para o passado nos ajuda a entender o presente e pensar no futuro
Nossos ancestrais tinham um acesso ao mundo natural – e a espaços abertos – com muito mais frequência do que temos hoje em dia. Passamos a ficar em espaços fechados por longos períodos, às vezes sem acesso à luz do sol (como em mega escritórios, shoppings etc.), que esquecemos o fato de que somos parte da Natureza e que dela precisamos para nos nutrir.
Entendemos isso em relação a nossa alimentação, por exemplo. Após um período intenso e revolucionário de industrialização da comida, percebemos como isso pode nos deixar doentes e aos poucos estamos procurando voltar para a busca de um jeito mais natural de comer.
Logo, pensar em um jeito mais natural de habitar também nos conecta com nossa essência e nos traz qualidade de vida. Essa naturalidade está ligada a como nosso cérebro percebe os estímulos e reage a eles (afinal foi com esse recurso que nosso instinto de sobrevivência nos trouxe até aqui). Como isso funciona é o que a Neurociência aplicada a Arquitetura estuda e contribui com avanços para a concepção de espaços mais saudáveis.
Trazer esses estudos para o nosso dia a dia, saindo somente dos espaços corporativos e alcançar nossas residências é o futuro do design de interiores, no meu ponto de vista.

O ambiente é uma tela em branco onde podemos “pintar” de diversas maneiras, conseguir diversos resultados e atender a diversos tipos de pessoas.
Mas o que seria uma casa saudável?
É quando transformamos espaços em lugares. É quando ela nos acolhe, nos acalma, nos traz bem-estar, foco e produtividade para agirmos nas diversas áreas da vida. É quando ela é organizada, o que nos ajuda nas tarefas diárias. É quando algo, que não é palpável e não sabemos explicar, faz com que estarmos ali nos energize e nos permita um tempo de qualidade.

O uso estratégico de cores, texturas, formas, o cheiro, os sons, o tipo de mobiliário e a disposição dele no ambiente, os espaços vazios, a iluminação natural e artificial, os objetos afetivos, tudo contribui para estimularmos nosso cérebro (e nosso coração!) a entender o ambiente como esse lugar saudável e que acrescenta e tanto na nossa tão almejada qualidade de vida!

Nesse momento em que estamos em nossos lares quase que o tempo inteiro, paremos um pouco e prestemos atenção nas nossas percepções e sensações.
Em seguida, se pergunte: Minha casa está saudável?